"O silêncio dói nos ouvidos. O silêncio, afora esses grilos escondidos, de cantiga repetida no baixio. As chuvas botaram o mundo em verde.
E esse chocalho, no lengo-tengo monótono... Venho seguindo a novilha no silêncio. Eu e ela. Quase a vi nascer, mas assisti às carícias da mãe, língua longa no pêlo liso, focinho erguendo a bezerrinha mal se agüentando nos pés. Hoje, não. Hoje tai ela bonitona, formosa nas ancas, uma fêmea e tanto. “Mimosa” – fui eu que lhe dei o nome. Mimosa, vou lhe dizer, viu? Você tá demais, tá sabendo? Diabo de touro desrespeitoso, pensa que não escuto o rancor noite a dentro, o chocalho denunciando no curral, eu perdendo o sono? E esse inchaço no balanço do monte de carne preta, convidando com uma almofada! O pingo de sangue coalhado na ponta dos pelos. Touro sem alma. Tentação. Eu sozinho. Mas essa vaca não me espera. Algo me cresce. Mimosa, você podia encostar mais na cerca, Mimosa".
Graça Alves Radialista
ResponderExcluirmuito legal a história, vc vai viajar quandoo? Boa viagem e curtir muito lá fora, bom final de semana...