Em minha mente
os mínimos detalhes de um desfile magnífico, superior aos desfiles da Sapucaí
no Rio. Recém chegado da cidade maravilhosa minha mãe não me deixou perder nada
da apoteose. Carros alegóricos com perfeccio-nismo e realidade eston- teante. Ica
Pires como mãe Aninha dava aulas para doze alunos bem vestidos em cima de um
caminhão caracterizado a rigor. No quadro negro se lia trechos da gramática
grega do Padre Rolim. Muitos carros retratavam a história dos 100 anos de
Cajazeiras. Dona Joana, minha mãe, me postou ao lado da cadeia pública, um
local privilegiado e tanto. De lá vi também Nogueirinha fotógrafo filmando tudo
para uma película futura.
Sou um homem
feliz por ter vivido estes 50 anos extraordinários nesta terra querida. Foi
nela que aprendi lutar pelos pequenos, injustiçados e excluídos, foi nela que
descobri o teatro, o estudo do Direito, a poesia e a minha paixão: o Rádio. Ter
convivido com Dom Zacarias, Mestre Cal, Monsenhor Vicente Freitas, o craque de
bola Perpétuo, Otacílio Jurema, o destemido Bosco Barreto, o poeta Cristiano
Cartaxo, o governador Ivan Bichara, o violeiro Expedito Sobrinho, o professor
José Clementino, o radialista Zenilton Alcântara, D Jota, Jota Gomes, Zé de
Sousa engraxate, Tebéjinho e o seu violão de ouro, Caveirinha garçom, o goleiro
Francinaldo, o médico das crianças Júlio Bandeira e o mestre Zeilton Trajano.
Na Cajazeiras
de amor fiz amigos, fiz amor, fiz guerras radiofônicas, fiz teatro,
fiz revoluções na arte, fiz 8 filhos, fiz história no tribunal do júri, fiz
mulheres sofrer por amor e também sofri, fiz a cidade ter um time na primeira
divisão, fiz boemia com Zerinho, Ronaldo Cunha Lima, Inaldo Leitão, Pepe Pires,
fiz política com Carlos Antonio e Epitácio Leite.
Dos 50 anos
tenho boas lembranças: do trem e de seu apito, do estádio Higino Pires
iluminado, do futebol de vassoura na Camilo de Holanda, de João de Manezim
passando 72 horas em cima de uma bicicleta, da caminhada com Bosco Barreto até
Juazeiro, da noite terror com invasões na seca de 84.
Vou estar nos
200 anos.
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