Julho,
1969. Final de tarde, duas ca- minhonetas e um Aero- Willys sobem as ladeiras e
estacionam na porta de uma mansão. Dizendo-se que eram da polícia fe- deral queriam
revistar a casa. O portão foi aberto e dez homens e duas mo- ças renderam todos
os presentes. Subiram a es- cadaria e arrancaram um pesado cofre da parede que
logo estava na car- roceria de uma das pi- capes que chisparam para uma casa em
Jacare- paguá, um lanterneiro, vindo de
Porto Alegre, usou a chama de uma maçarico para romper a parede do cofre. Aberto
o primeiro orifício, injetaram água dentro, de forma a proteger da chama o
conteúdo ainda desconhecido.
Ao
ser aberto confirmou as alvissareiras previsões: “contaram 2,6 milhões de dólares... Tinham acabado de dar o maior golpe
da história do terrorismo mundial! Era dinheiro roubado, tomado a empreiteiros
e bancas de bicho”.
A
casa onde estava o precioso tesouro era a casa de um tio de Ana Benchimol
Capriglioni, mitológica a- mante e depositária de propinas guar- dadas pelo
ex-governador Adhemar de Barros (foto). Conhecido pelo slogan “Rouba, mas faz”.
Governara o estado de São Paulo por três vezes e roubara como poucos.
Os
jovens que empreenderam a ação eram militantes da Vanguarda Ar- mada
Revolucionária Palmares (VAR- Palmares), resultado da fusão entre o Comando de
Libertação Nacional (Colina) com a Vanguarda Popular Re- volucionária (VPR),
comandada por Carlos Lamarca.
Esta
minuciosa e bem planejada ação teve como cérebro a guerrilheira Estela (Dil- ma
Rousseff) e
o seu esposo Carlos Araújo, Dilma não foi à casa, ficou na retaguarda, mas
Carlos Araújo se fez presente ao as- salto.
O
dinheiro do cofre não trouxe fe- licidades à Var-Palmares. Boa parte foi
dissipada na compra de terras para sediar guerrilhas que nunca saíram do papel.
Muito se gastou no sustento de mais de 300 militantes clandestinos. Um milhão
foi para a Argélia que só seria resgatado, parcialmente, três anos depois e
distribuído entre grupos remanescentes da esquerda no exílio. O dinheiro da Ação Grande se perdeu em quedas,
extorsões e lendas.
Ana
Capriglione, a amante do Adhemar de Barros, para safar-se de um inquérito
aberto, manteve a versão de que o cofre levado da sua casa também estava vazio,
que tudo não passara de um grande equívoco dos guerrilheiros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário