“Mas, acima de tudo, era nas noites de serestas que
mais nós quebrávamos a monotonia da vida em nossa vila esquecida. Uma vez por
mês, pelo menos, conforme combinado, nós nos jun- távamos em frente à mercearia
de Majestoso Gondim e saíamos noite a dentro a cantar. Era um grupo afinado na
voz e no sentimento. Renato Gondim e seu irmão Santino puxavam pelas cordas dos
violões. Zeca Ferreira, Leonísio, filho do Delegado Zé Granjeiro, e eu
acompanhávamos em respeitoso silêncio ou em solos dos mais inspirados. A melhor
voz era a de Majestoso Gondim, abrindo-se em barítono à porta de uma das nossas
namoradas, embriagada de êxtase:
O luar cai sobre a mala Qual uma chuva de prata De raríssimo esplendor.
Só tu dormes, não escutas o teu cantor.”
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