Um livro corajoso, independente e
honesto, o jornalista Paulo Moreira Leite, que foi diretor de Época e
redator-chefe de Veja, entre outras publicações, ousa afirmar que o julgamento do
chamado mensalão foi contraditório, político e injusto, por ter feito
condenações sem provas consistentes e sem obedecer a regra elementar do Direito
segundo a qual todos são inocentes até que se prove o contrário.
Os acusados estavam condenados no mais
midiático julgamento da história brasileira e, possivelmente, do mundo, os
juízes foram vigiados pelo acompanhamento diário, online, de todos os seus atos
no tribunal. Na sociedade do espetáculo, os juízes eles se digladiaram, se
agrediram, se irritaram e até cochilaram aos olhos da multidão, como num
reality show.
A denúncia do "maior es- cândalo de
corrupção da história" ignorou os possíveis corruptores, empresários que,
afinal, sempre financiaram campanhas eleitorais de todos, acusados e
acusadores.
Afinal, de que os condenados haviam
sido acusados? De comprar votos no Congresso com dinheiro público, pagando
quantias mensais aos que deveriam votar, políticos do próprio PT - o partido do
governo! - e de outros partidos. Em 1997 um deputado confessou em gravação
publicada pelo jornal Folha de S. Paulo que recebera R$ 200 mil para votar em
emenda constitucional que daria a possibilidade de o presidente FHC ser
reeleito. Mas - ao contrário do que aconteceu agora - o fato foi considerado
pouco relevante e não mereceu nenhuma investigação oficial.
Dois pesos, duas medidas.
Independentemente do que possamos
aceitar, nos limites da lei e de nossa moral, o fato é que, se crimes foram
cometidos, os criminosos deveriam ter sido, sim, investigados, identificados,
julgados e, se culpados, condenados na forma da lei. Que se repita: na forma da
lei.
É ler, refletir e julgar.
Há dúvidas - infelizmente muitas -
sobre se foi isso o que de fato aconteceu.
Nenhum comentário:
Postar um comentário