quinta-feira, 30 de março de 2017

Ditadura militar: general Mourão Filho tenta assaltar a Petrobrás, mas é desarmado por um civil desarmado!

    O jornalista Elio Gaspari examina na sua obra "Ditadura Envergonhada" narra que nos primeiros dia do golpe militar, o general Olympio Mourão Filho, o detonador da quartelada militar, queria ser bem aquinhoado na di-visão do "espólio" do poder no novo regime e foi tomar satisfações com o novo ministro Costa e Silva que, habilmente, o driblou com um papo fiado e o sugeriu que as-sumisse a presidência da rica Petrobrás em nome do comando revolucionário e Mourão engoliu a isca.
   Espalhafatoso e sequioso de uma rentável prebenda, o general Olympio Mourão Filho rumou para a sede da Petrobrás, fardado e com uma escolta. Nesta segunda investida em busca de poder, mais uma vez mais dava om os burros n'água. Desta feita foi driblado por um tal, Dr. Belo, secretário-geral da empresa, que engenhosamente refutou o assalto. Paciente explicou ao general, que por mais que o ministro Costa e Silva desejasse vê-lo no comando da Petrobrás, só um ato do presidente da República poderia investi-lo na função e ainda era indispensável "um recibo de caução de ações da empresa, visto que só um acionista poderia exercer a sua presidência". Mourão lembrou o Dr. Belo que estava ali em nome da Revolução. Matreiro, o humilde Dr. Belo convenceu o general que eram documentos fáceis de serem providenciados.Dançou! Acordou quando o Marechal Ademar de Queirós, com os papéis em ordem, assumira a presidência da Petrobrás.

Resultado de imagem para uma escolta armada 1964   Fardado, o general Olympio Mourão Filho che-gou com uma escolta à pra-ça Pio X, sede da Pe-trobrás. Era o símbolo do novo regime e ia assumir a presidência da empresa. Foi recebido pelo secre tário-geral, Amaro Alonsi Belo, o Dr. Belo.
     O veterano petroleiro explicou ao general que por mais que o ministro Costa e Silva desejasse vê-lo no comando da Petrobrás, só um ato do presidente da República poderia investi-lo na função. Feito isso, precisaria trazer uma carteira de identidade (provando que era brasileiro nato) e um recibo de caução de ações da empresa, visto que só um acionista poderia exercer a sua presidência. Mourão explicou que estava ali em nome da Revolução. O Dr. Belo concordou, insistindo em que os documentos eram indispensáveis, por de-terminação do estatuto da Petrobrás. Ademais, eram documentos fáceis de ser providenciados. Coisa de um dia, no máximo. O general aceitou a ponderação do veterano burocrata, deu uma entrevista anunciando seu programa de ação na empresa e voltou para Juiz de Fora.  Quando se deu conta, o marechal Ademar de Queiroz, com os papéis em ordem, assumira a presidência da Petrobrás.
   No dia 11 de abril, depois de um conciliábulo de governadores e generais destinado a evitar a coroação de Costa e Silva, o ge-neral Humberto de Alencar Cas tello Branco foi eleito presidente da República pelo Congresso Nacional, como mandava a Cons tituição. Prometeu “entregar, ao iniciar-se o ano de 1966, ao meu sucessor legitimamente eleito pelo povo em eleições livres, uma nação coesa”. Em 1967 entregou uma nação dividida a um sucessor eleito por 295 pessoas.

  FONTE: esta obra trata-se do primeiro livro da cole-ção e primeiro volume da série As Ilusões Armadas.

2 comentários:

  1. Os milicos eram sarcásticos até entre eles. Os caras eram cruéis mesmo. O Costa e Silva tirando uma da cara do Mourão, não consigo nem imaginar a a reação deste ao saber que era tudo zoeira.

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  2. O Costa e Silva era um general tão extremista que nem o Castelo Branco concordava que ele fosse seu sucessor. E dizem as más línguas que eles eram rivais e não se bicavam um com o outro. E ele foi o responsável pela radicalização da ditadura militar com o decreto do AI-5. E isso que um pouco antes ainda em seu governo o bicho já tava pegando.....

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